Irm.'. Sergio Ricardo Castro
O primeiro contato que tive com o termo
V.’.I.’.T.’.R.’.I.’.O.’.L.’. foi durante a minha iniciação quando me encontrava
na Câmara das Reflexões.
Confesso que naquele momento, até mesmo em virtude das emoções que tomavam
conta de mim em face daquela ocasião única, não tive a menor ideia do
significado de tal expressão e não lhe dediquei esforços para compreendê-la,
porém, hoje, sei que ela representa de forma resumida, nos dizeres do saudoso
Ir.’. Nicola Aslan, o único trabalho do Aprendiz Maçom.
O V.’.I.’.T.’.R.’.I.’.O.’.L.’. é uma fórmula alquímica e hermética cuja
sigla é composta de 7 (sete) letras e significa “VISITA INTERIOREM TERRAE
RECTIFICANDOQUE INVENIES OCCULTUM LAPIDEM”, ou seja, Visita o Interior da Terra
Retificando-te Encontrarás a Pedra Oculta.
Essa importante expressão em si não é outra coisa senão a profunda
descoberta de si mesmo, na solidão, no seio da Terra, ou, doutro modo, é o
símbolo universal da constante busca do homem para melhorar a si mesmo e a
Sociedade em geral.
Para que possamos efetuar o V.’.I.’.T.’.R.’.I.’.O.’.L.’. é necessário,
inicialmente, descermos nas profundezas da terra, ou seja, debaixo da
superfície da aparência exterior que esconde a realidade interior das coisas e
a revela. Isto é, necessitamos ir ao nosso interior, sem demagogias e falsas
aparências.
Depois de nos encontrarmos com nós mesmos, é imperioso meditarmos e
retificarmos o nosso ponto de vista e a nossa visão mental com o esquadro da
razão e do discernimento espiritual e com isso encontraremos daquela pedra
oculta ou filosofal que constitui o Segredo dos Sábios e a verdadeira
Sabedoria.
A “pedra oculta” é a PEDRA DO SÁBIO que se pode transformar na PEDRA
FILOSOFAL, a pérola da Filosofia Divina, e é essa que torna o homem um ser
sublime, mais evoluído, justo e perfeito, no trajeto da Vida Universal. Tal é o
objetivo do verdadeiro iniciado (Maçom, Templário, Rosacruz ou outro) que busca
o conhecimento Sagrado e Divino.
O homem, ao se retificar interiormente, deixando de lado todos os vícios
de uma vida anterior para adotar novos padrões de conduta moral, transforma-se
em um novo homem e deixa à mostra a pedra oculta que há dentro de todos. Tal
pedra ainda se encontra em estado bruto, necessitando ser trabalhada, lapidada.
O que só acontece com o aprendizado constante, com a prática incessante
das boas ações, com o respeito às normas, com a presença constante em Loja, com
a aplicação dos princípios fundamentais da Maçonaria, como a fraternidade e a
humildade!
De nada adianta descobrir que em seu interior há uma pedra bruta, se essa
pedra não é tocada, não tem a sua rusticidade conhecida, se nada se faz para
seu polimento.
Esse polimento é pesado, o desbaste das arestas, dos excessos, é doloroso,
mas necessário, para fazer crescer aquele que encontrou dentro de si o que o
diferencia dos demais animais: a pedra oculta, isto é, a inteligência, a
capacidade de raciocinar, de discernir entre o certo e o errado, de dominar o
desejo pessoal, de vencer paixões e submeter vontades!
A menção à pedra oculta, ainda, significa atingir o mais profundo do EGO e
é usada como originária da força dos alquimistas, que acreditavam na PEDRA
FILOSOFAL, ou seja, aquela pedra que transformava os metais inferiores em ouro.
Esse processo de transmutação, visto pela alquimia prática como “pedra
filosofal”, é também conhecido como Obra do Sol, ou Crisopeia, ou Arte Real.
Portanto, a prática do V.’.I.’.T.’.R.’.I.’.O.’.L.’. é um convite ao
conhecimento do ser interior, da espiritualidade, já que a Arte Real é a
transformação do homem inferior em um homem superior. A PEDRA OCULTA é a PEDRA
DO SÁBIO, que pode se transformar na PEDRA FILOSOFAL, ou seja, dentro de cada
homem há uma PEDRA OCULTA, conhecida também como PEDRA DO SÁBIO, que o
diferencia do animal irracional e que qualifica o ser humano como tal.
Trabalhada a PEDRA DO SÁBIO, tem-se a PEDRA FILOSOFAL, ou a PEDRA POLIDA,
surgida com a transformação do bruto Profano, em um novo homem, um Maçom.
Encontrada a pedra oculta, ou a PEDRA DO SÁBIO, mas esquecendo-se de que o
trabalho com essa pedra bruta deve ser constante, o homem não avança, não
cresce espiritualmente e a pedra permanece bruta, não mostrando a sua beleza
interior, permanecendo carregada de impureza que a obscurece e a torna
imprestável para o uso a que se destina.
O Maçom que mantém a sua pedra oculta com traços de impureza, causados por
ações ou omissões denominadas vícios, não pode ser chamado de Maçom. Daí,
pode-se afirmar, sem temor, que o trabalho do Maçom na pedra bruta deve ser
diário, incessante, devendo ele com constância, visitar o interior da terra,
retificando-se, na busca da pedra oculta.
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