sexta-feira, 22 de março de 2013

A Maçonaria na Revolução Farroupilha


Contribuição do Irmão Silvano

BALAÚSTRE  Nº  67



(Ata da reunião maçônica que decidiu pela Revolução Farroupilha)

Aos 18 dias do mês de Setembro de 1835 da E.·.V.·., e 5835 da V.·. L.·. reunidos em sua sede, sita à Rua da Igreja, n 67, em lugar claríssimo, forte e terrível aos tiranos, situado abaixo da abobada celeste do zênite, aos 30º Sul e 5º de Latitude da América Brasileira, ao vale de Porto Alegre, Província de São Pedro do Rio Grande, nas dependências do gabinete de leituras onde funciona a Loj.·. Maç.·. PHILANTROPIA E LIBERDADE, com o fim de especificamente, traçarem as metas finais para o início do movimento revolucionário com que seus integrantes pretendem resgatar os brios, os direitos e a dignidade do povo Riograndense.
A sessão foi aberta pelo Ven.·. Mestre Ir.·. Bento Gonçalves da Silva. Registre-se, a bem da verdade, ainda as presenças dos IIr.·. José Mariano de Matos, ex Ven.·. Mestre, José Gomes de Vasconcellos Jardim, Pedro Boticário Vicente da Fontoura, Paulino da Fontoura, Antônio de Souza Neto e Domingos José de Almeida, o qual serviu como secretário e lavrou a presente ata.
Logo de início o Ven.·. Mestre, depois de tecer breves considerações sobre os motivos da presente reunião de caráter extraordinário, informou a seus pares que o movimento estava prestes a ser desencadeado.
A data escolhida é o dia vinte de Setembro do corrente, isto é, depois de amanhã. Nesta data, todos nós, em nome do Rio Grande do Sul, nos levantaremos em luta contra o imperialismo que reina no país. Na ocasião, ficou acertada a tomada da capital da província pelas tropas do IIr.·. Vasconcellos Jardim e Onofre Pires, que deverão se deslocar desde a localidade de Pedras Brancas, quando avisados. Tanto Vasconcellos Jardim quanto Onofre Pires, ao serem informados responderam que estariam a postos aguardando o momento para agirem. Também se fez ouvir o nobre Ir.·. Vicente da Fontoura, que sugeriu o máximo cuidado, pois certamente, o Presidente Braga seria avisado do movimento.
O Tronco de Beneficência fez a sua circulação e rendeu a medalha cunhada de 421$000, contados pelo Ir.·. Tes.·. Pedro Boticário. Por proposição do IIr.·. José Mariano de Matos, o Tronco de Beneficência foi destinado à compra de uma Carta de Alforria de um escravo de meia idade, no valor de 350$000, proposta aceita por unanimidade.
Foi realizada poderosa Cadeia de União pela justiça e grandeza da causa, pois em nome do povo Riograndense, lutariam pela Liberdade Igualdade, e Humanidade, pediam a força e a proteção do G.·.A.·. D.·.U.·. para todos os Ir.·. e seus companheiros que iriam participar das contendas. Já eram altas horas da madrugada quando os trabalhos foram encerrados, afirmando o Ven.·. Mestre que todos deveriam confiar nas LL.·. do G.·. A.·. D.·. U.·. e como ninguém mais quisesse fazer uso da palavra, foram encerrados os trabalhos, do que eu, Domingos José de Almeida, Secretário, tracei o presente Balaústre, a fim de que a história, através dos tempos, possa registrar que um grupo de maçons, homens livres e de bons costumes, empenhou-se com o risco da própria vida, em restabelecer o reconhecimento dos direitos desta abençoada terra, berço de grandes homens, localizada no extremo Sul de nossa querida Pátria.

Oriente de Porto Alegre, aos dezoito dias do mês de setembro de 1835 da E.·. V.·., 18º dia do sexto mês Tirsi da V.·. L.·. do ano de 5835.

Irmão Domingos José de Almeida
Secretário



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