O
MENINO DA GALILEIA
De
todas as pessoas conhecidas, vivas ou mortas, Jesus é a mais influente!
Seu
nascimento foi e ainda é considerado um acontecimento importante. Ao ser criada
a cronologia atualmente adotada no mundo, escolheu-se o ano presumido desse nascimento
como sendo o primeiro. A decisão, entretanto, não foi muito precisa. Não se
conhece o exato ano em que Jesus nasceu. Ainda hoje, vários aspectos da chegada
de Jesus ao mundo, de sua vida e de sua morte permanecem envoltos em mistério e
divergência. No entanto, ele exerceu profunda influência sobre a história da
humanidade.
Jesus
era judeu, em raça, cultura e religião. O termo “judeu” vem de “Judá”,
território que ocupava metade da estreita faixa de terra à margem do Mar
Mediterrâneo, há muito conhecida como Palestina. Os ancestrais de Jesus tinham
vivido em outro lugar, tradicionalmente conhecidos como hebreus, cujo
significado é “povo que atravessou”, eles eram em essência viajantes.
Os
judeus, vivessem onde vivessem, consideravam Jerusalém a Terra Santa. No alto
da montanha, com uma fonte permanente de água pura, podia ser facilmente
fortificada. Depois de capturada para os hebreus pelo rei Davi, por volta do
ano 1000 a.C., tornou-se o local do Grande Templo, a edificação mais suntuosa
do mundo ocidental. Construído pelo rei Salomão, filho de Davi, transformou-se
no centro da religião judaica. Ali, as orações e sacrifícios podiam ser
oferecidos a Deus, e palavras sagradas eram lidas em voz alta pelo Sumo
Sacerdote e seus auxiliares. Como os judeus acreditavam em um só Deus, o templo
de Jerusalém era seu único santuário, é provável que não houvesse na Europa
local de peregrinação impregnado de tanto respeito. Foi lá que teve origem a
crise final da vida de Jesus, a rápida sucessão de eventos que culminou em sua
morte.
Com
a morte do rei Salomão, seu reinado foi dividido em dois: Israel ao norte e
Judá ao sul. Em 587 a.C., os poderosos babilônios conquistaram Jerusalém, em um
dos eventos traumáticos na longa história de um povo que suportou vários infortúnios
e desastres. Muitos dos judeus mais influentes foram deportados para a
Babilônia. No exílio refletiram sobre suas desventuras e se perguntaram se
teriam ofendido tanto a Deus para merecerem tal castigo.
Em
menos de meio século os persas tomaram a Babilônia e a maioria dos judeus pôde
retornar a sua terra onde, por volta de 520 a.C. começou a reconstrução do
templo. Em 142 a.C., depois de viver sob uma sucessão de soberanos estrangeiros
e afinal, sob um regime de cultura grega, o povo judeu recuperou sua terra.
Durante quase 80 anos gozou de independência, mas logo a perderia, voltando a
ser independente apenas no século 20.
A CONQUISTA DOS ROMANOS
Em
63 a.C. os romanos invadiram a Palestina. Donos do maior e mais diverso império
do mundo, eles conferiam certa independência às colônias, desde que fossem
submissas, obedientes e pagassem seus impostos. Os romanos escolheram um líder
local, Herodes, a quem delegaram poder e deram o título de rei e concederam
considerável liberdade religiosa aos judeus. Foi próximo ao fim do reinado de
Herodes que Jesus nasceu, possivelmente em 6 a.C.
Com
seu território ocupado por um pequeno exército romano, os judeus mantiveram
cultura e religião. Assim, um mundo judeu seguia à parte dentro do Império
Romano. Duvida-se de que outra região do império tenha sobrevivido como uma
entidade cultural e religiosa tão diferente. Esse foi o milagre da religião
judaica: uma incrível tenacidade, século após século. Essas foram a cultura e a
religião herdadas por Jesus.
Deus
dominava a cultura judaica. Era o Deus dos judeus, embora não exclusivamente.
Chamado “O ETERNO”, era invisível e imortal, detentor de enorme poder e
conhecimento e de uma imensa capacidade de sentir amor e raiva. Tendo criado o
ser humano à sua imagem, e tendo-o dotado de livre arbítrio, concedeu-lhe o
direito de escolher entre o bem e o mal. Segundo os hebreus, Deus estava em
toda parte. Às vezes era visto no templo sagrado, às vezes no céu, mas seu
espírito, sua presença e seu conhecimento eram de tal ordem que ele podia estar
em 10 mil lugares ao mesmo tempo. Conforme proclama o salmo 139: “ninguém foge
DELE”!
Foram
essas crenças judaicas que Jesus absorveu desde criança. Algumas ele reformulou
mais tarde, quase ao fim de sua curta vida, mas aceitou instintivamente e
seguiu sinceramente a maior parte delas.
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