sábado, 26 de outubro de 2013

A LEI INICIÁTICA DO SILÊNCIO

ANTÓNIO ROCHA FADISTA - M.'.I.'. Loja Cayrú 762 GOERJ / GOB - Brasil 

Platão, chamado a ensinar a arte de conhecer os homens, assim se expressou: “os homens e os vasos de terracota se conhecem do mesmo modo: os vasos, quando tocados, têm sons diferentes; os homens se distinguem facilmente pelo seu modo de falar”. O pensamento do filósofo Iniciado nos oferece excelente oportunidade para uma profunda reflexão, principalmente para os que integram a Ordem Maçônica. 

Nem sempre nos damos conta de como nos tornamos prisioneiros das palavras proferimos. Por serem a expressão do nosso pensamento, por traduzirem as idéias e os sentimentos, as palavras se tornam um centro emissor de vibrações, tanto positivas quanto negativas. A palavra é o elemento que identifica o Homem e é a síntese de todas as forças vitais; é o elemento que interliga todos os planos, do mais denso ao mais sutil. A palavra está intimamente ligada ao silêncio, outra sublime expressão da psique humana. 

No mundo profano a palavra - falada ou escrita - é usada indiscriminadamente. A sociedade humana está cheia de palavras que ofendem, que humilham, que magoam e que denigrem a honra do próximo. Se se trabalhasse mais e se falasse menos, com certeza que a humanidade seria mais evoluída e mais civilizada. Infelizmente existem palavras em excesso, não só no mundo profano como também nos Templos Maçônicos. Tal situação é inconcebível em um Maçom, pois no estudo dos símbolos ele aprende a refletir sobre o conteúdo oculto das palavras que, em última análise, refletem a essência interior do ser humano. Não por acaso a doutrina Maçônica reserva o silêncio aos seus membros, de acordo, aliás, com a Tradição Pitagórica. A Escola Iniciática de Pitágoras tinha um sistema de três graus: o de Preparação, o de Purificação e o de Perfeição. 

Os neófitos do grau de Preparação, equivalente ao grau maçônico de Aprendiz, eram proibidos de falar; eram só ouvintes e cumpriam um período de observação de três anos, durante o qual a regra era calar e pensar no que ouviam. 

No grau de Purificação, equivalente ao de Companheiro Maçom, o silêncio se estendia por mais dois anos, adquirindo estes Irmãos o direito de ouvir as palestras do Mestre Pitágoras. 

Assim, para atingir o grau de Perfeição, equivalente ao de Mestre Maçom, quando então os Irmãos podiam fazer uso da palavra, era necessário praticar o silêncio durante cinco anos. 

Nas reuniões maçônicas, sem dúvida, constitui uma prova de sabedoria saber ouvir e manter o silêncio. Chílon, um dos sete sábios da Grécia Antiga, quando perguntado sobre qual a virtude mais difícil de praticar, respondia: “calar”. 

No Zend Avesta, que contém toda a sabedoria da antiga Pérsia, encontramos normas e regras sobre o uso e o controle da palavra, cuja universalidade desafia os séculos. No mundo maçônico, a dimensão da palavra falada e escrita não é diferente. Ao entrar em nossa Sublime Instituição encontramos, na ritualística, referências à sacralidade da palavra que, como meio de expressão dos pensamentos e dos sentimentos, deve ser sempre dosada, moderada, e deve espelhar o equilíbrio interno do orador. 

Em nossa Ordem, a palavra deve ser usada no mesmo sentido em que Dante Alighieri exortava o seu personagem Metelo, na Divina Comédia: “usa a tua palavra como um ornamento”. 

À primeira vista, o silêncio poderia parecer um condicionamento e um castigo. 

Na realidade, o silêncio, a meditação e o raciocínio, são a única via que leva à libertação das paixões e dos maus pensamentos. 

Além de exercitar a autodisciplina, em seu silêncio o Maçom apreende com muito maior intensidade tudo o que ouve e tudo o que vê. Assim, a voz do Irmão que se mantém em silêncio é a sua voz interior, quando ele dialoga consigo mesmo e, neste diálogo, analisa, critica, tira suas próprias conclusões e aprimora o seu caráter. Em suma, pelo silêncio, a Maçonaria estimula os Irmãos a desenvolver a arte de pensar, a verdadeira e nobre Arte Real. Deste modo, o silêncio em Maçonaria não é meramente simbólico e não é também um meio de castrar a iniciativa dos Irmãos. O silêncio é indispensável e decisivo no processo de lapidação da Pedra Bruta e no aperfeiçoamento interno dos Irmãos. Ao cruzar as portas de uma Loja Maçônica, trazendo consigo a liberdade total de expressão, um direito natural que lhe é garantido pela Declaração dos Direitos Humanos, sem as restrições que lhe impõem a moral e a razão, o novo Maçom aprende a controlar os seus impulsos, pela prática espartana do silêncio. 

Assim ele aprimora o seu caráter e prepara-se para ser um líder, numa sociedade na qual prevaleçam a Liberdade responsável, a Igualdade de oportunidades e a Fraternidade solidária. 

Se tiver de falar, que o maçom siga o conselho de Dante e use a sua palavra como um ornamento. Tudo se resume na prática da Lei do Amor e da Tolerância. 

Certamente que o Grande Arquiteto do Universo ilumina e abençoa a todos os que pensam mais do que falam, pois estes espiritualizam a sua matéria, e são os Seus filhos mais diletos. 

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Qual seu compromisso com sua Loja?

VALE AQUI UMA REFLEXÃO:

A semana tem 7 dias x 24 horas = 168 horas.

Se formos colocar entre se preparar para ir a Loja e o término da sessão e chegar em casa temos aproximadamente assim: Das 18:30 horas às 23:30 horas = 5 horas.

Se dividirmos 500/168 = 2,97% DO SEU TEMPO PARA A LOJA.

Na realidade temos quase 3% de dedicação à Loja e faltamos. 

Porque todos os nossos afazeres, problemas, interesses pessoais, etc. etc. etc, se resumem nos 3%? Justifique.

A maçonaria em seu Regimento é clara. Antes de entrar para a ordem fazemos as perguntas:

Você dispõe de tempo para participar das reuniões? E nós respondemos sim.
Você dispõe de renda para cumprir com as obrigações pecuniárias sem afetar as despesas de tua família? E nos respondemos sim.
No dia da iniciação você é indagado na Câmara de Reflexões: Tens a chance de desistir, para aqui mesmo, você decide. E nós não paramos.
Durante a sessão de Iniciação, somos indagados várias vezes se queremos continuar. E nós respondemos sim.
Vamos ao Altar fazer nosso juramento de participar e cumprir com a nossa obrigação perante a Deus e perante aos nossos irmãos. E nós respondemos sim. Engraçado, até aqui temos tempo para tudo não é?

Depois de tudo isso, o Regulamento ainda diz o seguinte:

6. O Maçom se considera frequente com 50% de presença. Já não é mais 100%.
7. O Maçom pode atrasar mensalidade até 3 meses que é considerado regular. Mesmo assim com essa moleza ainda não damos a devida atenção a isso.

Além disso, se o irmão passar por dificuldades deve ele informar a Loja ou a seu padrinho ou o próprio Venerável ou ao irmão Hospitaleiro que tudo será colocado em reunião, avaliado e se justo podemos ajudar o irmão durante o processo de situação difícil pelo que ele esta passando. Fizemos e fazemos muito disso e não vou colocar aqui os N exemplos senão fica extenso.

O QUE CABE A NÓS MAÇONS?

Cabe ao irmão criar forças para mudar, se elevar materialmente, fisicamente e psiquicamente para continuar a colaborar com a Loja e se outro irmão tiver problemas, assim procederemos desde que ele mereça e esteja também buscando, lutando para melhorar e progredir.

Em tudo na vida há que se ter o esforço, sempre damos um jeitinho é só querermos. Mas os problemas são motivos para quebrar nossa força de vontade. Justificamos, justificamos, justificamos mas não explicamos.

SABE O QUE ACONTECE NA MAIORIA DOS CASOS?

Irmãos passam por problemas e não contam nada a ninguém e depois diz que a Loja, a maçonaria não ajuda.
O que é que eu vou fazer lá se não muda nada. E ele não sabe que quem tem de mudar é ele.
Irmãos usam de justificativas infundadas para não comparecer.
Irmão se aborrecem com irmão ou com o andamento das sessões e ao invés de conversar, de procurar levar o seu pensamento para ser avaliado por todos, em vez de colaborar, procura argumentos para se manter sempre na defesa, faz grupinhos, boicota e atrapalha o andamento dos trabalhos. 
Critica para destruir ao invés de usar a crítica para melhorias. Dá um péssimo exemplo de conduta e contamina a grande maioria que sonha, vislumbra e quer aprender.
O irmão se afasta e da uma de coitadinho e por aí vai.

Meu irmão, devemos procurar o exemplo dos bons e eles estão aí espalhados por uma infinidade de Lojas, quer ver alguns exemplos?

Irmão que mesmo no seu dia de aniversário comparece a sessão e não arrumou problemas com a esposa e filhos, pelo contrário, eles o amam. Irmãos que chegam a ter 100% de frequência. Irmãos com temperamento forte, discutem mas nunca perde a linha nem se afasta da Loja, pelo contrário esta sempre ajudando. 

Irmãos que passam por momentos difíceis mas tão difíceis que pode até abandonar o barco que é justificável mas luta contra o mal que lhe afeta. 

Irmãos que trabalham duramente cada dia da semana, fazem cursos, frequentam palestras, viajam e muitas vezes não da nem tempo te tomar um banho em casa porque vai direto para a Loja e nem discutem isso.

Irmãos com filhos pequenos que ainda estão criando anti-corpos e muitas vezes sofrem as doenças normais da infância e ele consegue ajustar isso.

Irmãos que mesmo acometido de derrame cerebral. Ajudam e não arredam o pé.

Irmãos estudiosos que são profundos conhecedores da matéria apresentam trabalhos para elevar o conhecimento de mais irmãos, são professores em Escolas Universidades e conseguem se ajeitar nos horários de aula para poderem frequentar a Loja.

Irmãos que não tem muita facilidade de comandar mas os outros irmãos o apoiam e ele consegue triunfar e aprender a lidar com a administração da Loja e nunca nega em ser solícito.

Irmãos que passam por doenças, acidentes, dificuldade financeira e conseguem dar a volta por cima, pagam as dividas tanto para a Loja quanto para os irmãos que lhe ajudaram e jamais deixam de participar e cumprir com as obrigações em Loja, independente de quem eram os comandantes.

Se for ficar aqui colocando os exemplos de passagens pela maçonaria você vai ficar o dia inteiro lendo pois temos N exemplos de conduta e de comportamento que fazemos questão de que sejam os nossos espelhos.

A falta somente se justifica na ausência de vida mas mesmo assim acredito no pós vida que sei que eles estão presentes nas sessões. Claro que sei também que muitas vezes necessitamos da falta e os motivos são justificados, claro que isto acontece mas mesmo assim não podemos deixar de perder o foco senão vai acostumando e quando menos percebemos estamos saindo pela tangente.

Portanto meu irmão tudo vai de acordo com o nosso pensamento. O HOMEM DEPENDE DO SEU PENSAMENTO, se ele quer ele da um jeitinho e a coisa acontece. Mas se der mole, se afrouxar, aí é que o desânimo bate e ele foge.

Desculpa meu irmão se fui duro mas não posso deixar de achar outra forma de pensamento que não seja essa. Você pode me dar N razões mas se você quer, você da um jeitinho, é só querer. 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Como vencer na Maçonaria sem fazer força

Ir.·. José Castellani
Consultório Maçônico II

Depois de muitos anos na Maçonaria brasileira, vendo carreiras meteóricas e ascensões fulminantes de homens medíocres, sem cultura geral e maçônica, sem vivência dentro da Instituição e sem trabalhos de vulto, em benefício dela, creio que posso dar, aos novos maçons, que queiram enquadrar-se nessa situação, a receita de como possuir altos graus e cargos elevados, sem o tempo necessário e legal e sem fazer força.

É claro que essa receita é, apenas, para as mediocridades, que não possuem capacidade suficiente para subir por seus próprios méritos. Eis as regras, bem simples:

01)- Faça muitos exercícios de contorcionismo, para que sua coluna vertebral torne-se bastante flexível, permitindo dessa maneira, grandes curvaturas aos que lhe são hierarquicamente superiores dentro da Ordem.

02)- Exercite, também, os seus joelhos, para que eles aguentem as genuflexões aos detentores do poder.

03)- Acostume sua cabeça a balançar, apenas, no sentido vertical e nunca no horizontal, para que possa concordar com tudo o que os seus superiores hierárquicos, na Loja, ou na Obediência, desejarem.

04)- Bater palmas aos que estão acima, sempre ajuda: exercite as mãos.

05)- Seja sempre o primeiro no cortejo da bajulação, no cordão dos puxa-sacos dos detentores dos poderes simbólicos e dos altos graus, desde que, é óbvio, eles gostem de bajulações.

06)- Nunca diga “não”. Seja como a boa prostituta e concorde com tudo, pois negócio é negócio.

07)- Seja sempre bonzinho com todos, fale mansa e suavemente, sem nunca alterar a voz: não dê palpites, não emita opiniões, não queira dar demonstrações de cultura e todos acharão que você é o máximo.

08)- Procure conseguir alguns titulozinhos “profanos” mesmo sabendo que a mediocridade não merece títulos, rastejando e implorando é possível consegui-los. O trabalho compensa, pois os títulos, mesmo imerecidos, impressionam os basbaques.

09)- Acima de tudo, e esta é a regra principal, esteja, sempre, com quem está por cima. Se, todavia, aquele que estiver por cima vier a cair, não hesite em ser volúvel: mude de amo, pois a sua vaidade terá que ser maior que a sua dignidade.

10)- Não seja independente, pois Maçom independente só sobe pelos seus próprios méritos e com esforço; além de tudo, independência é apanágio de quem tem dignidade, brio e não é medíocre, não precisando, portanto, de todas essas regras.

Seguindo essas dez simples regras, é possível, em pouco tempo, chegar aos mais altos graus (nesse caso, uma boa conta bancária também ajuda), em detrimento de Irmãos mais antigos e mais capazes, e subir aos altos cargos simbólicos, com exceção do Grão-Mestrado, pois os títeres só servem para sustentar os Grão-Mestres e nunca para tomar-lhes o lugar.

Quem fizer tudo isso, será, logo, um figurão dentro da Instituição e mesmo que não possua suficiente cultura, será um bom enganador, pois todos acharão que a possui.

A existência desses figurões fabricados, todavia, é motivo de grande desgaste, para a Maçonaria, pois ela repete, no caso, um dos grandes erros da sociedade “profana”, que é a inversão de valores; além disso, ocupando altos cargos na Ordem e sendo reconhecidos como medíocres lá fora, eles depõem contra a própria Instituição. Há alguns anos, um amigo e Irmão “adormecido”, portador de vasta cultura e reconhecidamente capaz, perguntou-me, a respeito de um conhecido comum nosso: - “Qual é o cargo que Fulano ocupa no Grande Oriente?” Quando eu lhe respondi, ele, atônito, exclamou: - “Puxa! Esse indivíduo, multiplicado por dois, não forma meio burro! Como vai mal a nossa Maçonaria!” - Era bobagem eu tentar explicar como o “indivíduo” conquistou o cargo. Ficaram, apenas, a vergonha e o desencanto, próprios de quem é Maçom de brio e não gosta de ver deturpada a imagem da Maçonaria Nacional.

Em 1974, como responsável pelo Boletim da Loja “Lealdade à Ordem”, da qual fui idealizador e fundador, fiz uma crítica, abordando a mediocridade da assessoria do Grande Oriente de São Paulo ligado ao GOB, já que é notório que os cargos de confiança nem sempre levam em conta a capacidade, mas servem, mais, para premiar “os amigos do rei”. A crítica tinha endereço certo: era dirigida a dois “Grandes” Secretários; todavia, todos enterraram a carapuça até os joelhos. O Grão-Mestre estadual da época disse-me, então, que eu havia ofendido a toda a cúpula. Ora, se toda a tal cúpula sentiu-se “ofendida” é porque eu, realmente, me enganara: a mediocridade era total e não de apenas dois Secretários, pois quem não era, realmente medíocre, não poderia sentir-se atingido. Certamente todos seguiam o conselho da sabedoria antiga “Nosce te ipsum” (tradução latina da inscrição grega encontrada no frontispício do templo de Apolo, em Delfos), que significa: “Conhece-te a ti mesmo”.

Com o conhecimento desse fato, muitos poderão perguntar-me se a atual crítica também tem endereço certo. E eu responderei, imitando um antigo político brasileiro: “Nem sim, nem não, muito pelo contrário; deixemos, aos pavões, o benefício da dúvida”. Os homens brilhantes, que estão nos altos escalões da Maçonaria Nacional e que representam a maioria, não se sentirão atingidos. O resto? Bem, o resto… é o “resto”!

Cabe, aqui, entretanto, uma advertência final: não confundir subserviência com fidelidade, pois qualquer Maçom pode ser fiel a um dirigente maçônico,  sem ser servil , sem se desfazer da vontade própria, sem prostituir a sua consciência e sem ter a docilidade de um fantoche. A fidelidade consiste em dar apoio, mas não aplaudir e avalizar os erros, pois o verdadeiro amigo, o amigo fiel, chama a atenção para os erros e suas consequências, impedindo que eles sejam cometidos. Um Grão-Mestre democrático ouve os que o cercam e toma as suas resoluções de acordo com a maioria, formando uma liderança coletiva, base e sustentação da moderna democracia. Uma assessoria que, por mera adulação, se comporta como um rebanho de carneiros, é altamente deletéria, é a negação da liberdade de consciência, é o primeiro passo para uma nefasta ditadura, incompatível com o espírito maçônico de LIBERDADE.