quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O Alquimista



Certa vez um andarilho apareceu numa aldeia na Idade Média. Dirigiu-se à praça central da cidade, anunciou-se como alquimista e disse que ensinaria como transformar qualquer tipo de metal em ouro.
Algumas pessoas pararam para ouvi-lo e começaram a proferir gracejos e ridicularizá-lo.
O estranho não se abalou com as chacotas.
Pediu um pedaço de metal e alguém lhe entregou uma ferradura. Outro lhe ofereceu um prego.
O alquimista pegou ambas as peças e ainda sob risadas dos incrédulos, colocou-as numa pequena vasilha e derramou sobre elas o conteúdo de um frasco que havia retirado de sua sacola.
Permaneceu alguns segundos em silêncio e o fenômeno aconteceu: a ferradura e o prego tornaram-se dourados.
Uma sensação de espanto percorreu a multidão que se avolumava cada vez mais na praça. O alquimista levantou as peças de ouro para que todos pudessem admirar a transmutação.
Um ourives presente no local pediu para examinar os objetos e foi atendido. Em pouco tempo, revelou serem as peças de ouro puríssimo, como nunca tinha visto. As pessoas agitaram-se e agora queriam ouvir.
O alquimista pegou um grosso livro de sua sacola e disse estar nele o segredo da transmutação dos metais em ouro.
Em seguida, entregou o livro a uma criança próxima e partiu tranquilo.
Ninguém o viu ir embora, pois todos os olhos mantiveram-se fixos no livro que estava nas mãos da criança.
Poucos dias depois, a maioria das pessoas possuía uma cópia do valioso manuscrito e, assim, a receita para produzir ouro passou a ser conhecida de todos. Contudo a fórmula era complexa.
Exigia água destilada mil vezes no silêncio da madrugada e ingredientes que deveriam ser colhidos em noites especiais e em praias distantes .
No início todos se puseram com as mãos à obra, mas com o passar do tempo foram desistindo do trabalho.
Era muito penoso ficar mil noites em silêncio esperando a água destilar. Além disso, procurar os outros ingredientes era muito cansativo.
À medida que desistiam, tentavam convencer os outros a fazerem o mesmo.
Diziam que a fórmula era apenas uma galhofa deixada pelo alquimista para mostrar como eram tolos.
Assim, muitos e muitos outros, influenciados pelos primeiros, também desistiram.
Mas, um pequeno grupo prosseguiu com o trabalho. Apesar de ridicularizados pelo resto da aldeia, continuaram destilando a água e fizeram várias viagens junto à procura dos ingredientes da fórmula.
O tempo correu e a quantidade de histórias divertidas e de situações que eles passaram juntos desde que começaram a seguir a fórmula cresceu.
O grupo dos aprendizes de alquimia tornou-se cada vez mais amigo e mais unido.
Converteram-se em grandes amigos. Até que em um mesmo dia, todos que tinham começado juntos, viraram a última página das instruções do livro.
E lá estava escrito:

"Se todas as instruções foram seguidas, você tem agora o líquido que, derramado sobre qualquer metal, transforma-o em ouro.”

“Entretanto, agora você também já percebeu que a maior riqueza não está no produto obtido, mas sim no caminho percorrido.”

“O que nos torna infinitamente ricos não é a quantidade de ouro que conseguimos produzir, mas os momentos que compartilhamos com verdadeiros amigos".

Nenhum comentário:

Postar um comentário