Imagine-se em frente a um lago. As águas calmas, paradas. Uma pequena aranha
tece sua teia nos juncos. Aves aquáticas deslizam tranquilamente. Sapos
descansam sob as plantas. Peixes circulam atentos em busca de insetos próximos
às margens.
Imagine que você atira uma pedra no meio do lago. O barulho, o
deslocamento da água, a lama que levanta no fundo, as ondas concêntricas na
superfície. Os peixes se afastam ligeiros, instintivamente do perigo iminente.
As aves se agitam. Os sapos ficam atentos. Os pássaros nas árvores ao redor
silenciam por segundos, avaliando os possíveis riscos da súbita agitação. E até
a pequena aranha pára em sua teia quando as ondas balançam os juncos, atenta à
nova vibração.
Sua atitude mexeu com todo o ambiente e com os personagens que
dele fazem parte. Imagine o impacto de jogar mais pedra, pedras maiores, mais
vezes, muitas de uma vez, sem parar. As águas se tornam turbulentas e lodosas.
A quietude termina. As aves voam. Os peixes se afastam, assustados, para o
outro lado da lagoa. Os sapos buscam esconderijos mais seguros. Os respingos da
água agitada molham a teia, destroem a teia ou derrubam a aranha. Você criou
outro ambiente.
Pode lhe parecer igual, mas não é. Suas atitudes e escolhas mexem com seu
mundo, com sua vida e com as pessoas ao seu redor. Você pode achar que não,
pode não enxergar, não perceber, pode achar que o impacto é pequeno demais,
seja ele bom ou mau. Mas há um impacto. E se expande em sua vida, como as ondas
no lago.
Usar drogas transforma seu mundo… Como seria um mundo sem drogas? Pare e pense
por um instante. Consegue imaginar? São muitos detalhes. É utópico acreditar
que tudo seria tranqüilo e perfeito. É claro que os problemas humanos não se
resumem à drogas. Mas também é claro, ou deveria ser, que as drogas pioram e
criam ainda mais problemas. Cegam. Adoecem. Atrasam. Em todos os níveis.
O usuário solitário, em seu quarto, pode acreditar que está apenas relaxando e
aliviando as tensões da vida; “afinal, é só maconha. É só de vez em quando.
Compra com seu próprio dinheiro. Não faz mal a ninguém”. Pense melhor: as
tensões existem para gerar energia, que deve ser canalizada para busca de
soluções. Se anestesiar não soluciona problemas. Você está se enganando.
As
drogas, incluindo a maconha, geram transformações, em seu corpo e seu cérebro.
Você está adoecendo. Sua capacidade de pensar e tomar decisões está alterada,
deixando você descuidado ou violento. Você está se arriscando. É muito provável
que sua família não saiba o que você está fazendo. Você está enganando as
pessoas. Você poderia estar sendo uma pessoa melhor.
O problema vai crescer e transbordar os limites do seu quarto. “Não se pode
enganar todos o tempo todo”. Sua família acaba descobrindo. E fica com medo,
confusa, culpada, irritada, triste, desgastada, ressentida, desconfiada. E isso
atinge você. Você poderia ter uma família melhor.
O usuário de drogas falta mais ao trabalho, comete mais erros e tem mais
dificuldade em manter um emprego, prejudicando colegas e empregadores. Usa mais
os serviços de saúde e os leitos de hospitais, seja pelas conseqüências diretas
do uso ou por se envolver em acidentes, brigas e contrair doenças por
comportamento inconsequente. Além disso, pode envolver outras pessoas em
acidentes, brigas ou transmitir doenças, mesmo sem intenção. Você envolve a
sociedade nas conseqüências de seu vicio.
Você poderia ter uma cidade melhor.
Seria muita inocência acreditar que o dinheiro que você perde em drogas vai
contribuir para o bem geral. Você está investindo em crimes de todos os tipos,
corrupção, armas, conflitos, jogos de poder e violência. E não se engane: você
não está no lado mais forte. Mas poderia estar usando sua força. Você poderia
ter um mundo melhor.
O problema não é só seu. É de todos. Todo o bosque sofre as repercussões do
lago barulhento e cheio de lodo. Mas a responsabilidade é sua. Só você pode
parar de jogar pedras. Como seria o SEU mundo sem drogas?
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